quarta-feira, 26 de maio de 2021

O FRIO QUE VEIO DE DENTRO

Seis homens ficaram bloqueados numa caverna por uma avalanche de neve. Teriam que esperar até o amanhecer para receber socorro. Cada um deles trazia um pouco de lenha e havia uma pequena fogueira ao redor da qual eles se aqueciam, se o fogo se apagasse, eles o sabiam, todos morreriam de frio antes que o dia clareasse. 

Chegou a hora de cada um colocar sua lenha na fogueira, era a única maneira de poderem sobreviver. O primeiro homem era um racista. Ele olhou demoradamente para os outros cinco e viu que um deles tinha a pele escura. Então ele raciocinou consigo mesmo:

- "Aquele negro! Jamais darei minha lenha para aquecer um negro." E guardou-as protegendo-as dos olhares dos demais.

O segundo homem era rico avarento. Ele estava ali porque esperava receber os juros de uma dívida. Olhou ao redor e viu no círculo em torno do fogo um homem da montanha, que trazia sua pobreza no aspecto rude do semblante e nas roupas velhas e remendadas. Ele fez as contas do valor da sua lenha e enquanto mentalmente sonhava com seu lucro, pensou: 

- "Eu, dar a minha lenha para aquecer um pobre preguiçoso?"

O terceiro homem era o negro. Seus olhos faiscavam de ira e ressentimento. Não havia qualquer sinal de perdão ou mesmo aquela superioridade moral que o sofrimento ensinava. Seu pensamento era muito prático:

- "É bem provável que eu precise desta lenha param defender. Além disso, jamais daria minha lenha para salvar aqueles que me oprimem." E guardou suas lenhas com cuidado.

O quarto homem era podre que vivia na montanha. Ele conhecia mas do que os outros os caminhos, os perigos e os segredos da neve. Ele pensou:

- "Esta nevasca pode durar vários dias. Vou guardar minha lenha."

O quinto homem parecia alheio a tudo. Era um sonhador. Olhando fixamente para as brasas. Nem lhe passou pela cabeça oferecer a todos parte da lenha que carregava. Ele estava preocupado demais com suas próprias visões (ou alucinações?) para pensar em ser útil. 

O último homem trazia nos vincos da testa e nas palmas das mãos calosas, os sinais de uma vida de trabalho. Seu raciocínio era curto e rápido.

- "Esta lenha é minha. Custou o meu trabalho. Não darei a ninguém, nem mesmo o menor dos gravetos."

Com estes pensamentos, os seis homens permaneceram imóveis. A última brasa da fogueira se cobriu de cinzas e finalmente se apagou.  Ao alvorecer do dia, quando os homens do socorro chegaram à caverna encontraram seis cadáveres congelados. Cada qual segurando firmemente o seu feixe de lenha. Olhando para aquele triste quadro, o chefe da equipe de socorro disse:

- "O frio que os matou não foi o frio de fora, mas... O frio de dentro."

----------------------------------------- REFLEXÃO ----------------------------------------

Não deixe que a friagem que vem de dentro mate você.

Abra o seu coração e ajude a aquecer aqueles que o rodeiam.

Não permita que as brasas da esperança se apaguem, nem que a fogueira do

otimismo vire cinzas.

Contribua com seu graveto de amor e aumente a chama da vida onde quer que

você esteja.

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